USO DE PLANTAS DO CERRADO EM TERRITÓRIOS DA REFORMA AGRÁRIA: BIODIVERSIDADE HERDADA DE POVOS ORIGINÁRIOS E AFRODIASPÓRICOS

Esse estudo apresenta uma reflexão sobre as interações entre os povos e o bioma Cerrado a partir da descrição do uso de plantas em territórios da Reforma Agrária, em especial do assentamento Pequeno Willian. Utilizamos os princípios da pesquisa ação para as imersões a campo em parceria com o Núcleo de Estudos em agroecologia do Instituto Federal de Brasília - IFB/Campus Planaltina (NEA Candombá). As informações levantadas forma sistematizadas em uma matriz destacando a diversidade, estratégias de manejo e uso das espécies vegetais presentes em cada uma das seguintes tipologias, destacadas pelas famílias: Área de Cerrado (dentro e fora dos lotes), áreas de produção vegetal (horta e sistema agroflorestal), área de produção animal e quintal. Registramos o uso de 156 espécies vegetais, das quais 112 são cultivadas e 44 são exploradas na forma de extrativismo nas áreas de Cerrado do Assentamento. Entre as espécies encontramos tanto algumas nativas que indicam a presença e intervenção humana de longa duração, provavelmente de povos originários desta região, quanto espécies que remontam o histórico de ocupação do território brasileiro, destacando os fluxos migratórios e a relação entre pessoas e plantas. O uso e manejo de muitas espécies é resultado do conhecimento acumulado por diversas populações e expressam a diversidade biocultural associada aos territórios.