USO DA GABAPENTINA ORAL EM DOSE ÚNICA PARA REDUÇÃO DE ESTRESSE E ANSIEDADE EM FELINOS DOMÉSTICOS NA ROTINA CLÍNICA: REVISÃO DE LITERATURA

À medida que a população humana cresce, a dos gatos domésticos também compartilha deste processo, sendo importante o acompanhamento médico veterinário para melhor qualidade de vida e bem-estar animal. Os gatos possuem uma grande pluralidade de comportamentos específicos e, sabe-se que ambientes estranhos, como clínicas veterinárias, desencadeiam comportamentos de estresse e de ansiedade nesta espécie. Isso dificulta a manipulação destes animais para realização de procedimentos clínicos, como avaliação de parâmetros fisiológicos, coleta de sangue, exames de imagens, entre outros. Com isso, grande parte dos tutores de gatos reluta em ir ao médico veterinário, além do desconforto por parte do tutor em relação a possíveis reações de medo, estresse e ansiedade do animal quando inserido em ambiente clínico e hospitalar. Além disso, o estresse pode alterar os parâmetros fisiológicos e prejudicar a interpretação dos resultados e possíveis diagnósticos, o que compromete a terapêutica adequada. Outras alterações importantes, principalmente, em felinos, são o leucograma de estresse e a hiperglicemia, que podem ser confundidos com outras patologias. Portanto, nestes casos, o uso de ansiolíticos e sedativos pode ser uma alternativa para amenizar o estresse dos gatos em consultas veterinárias, a fim de proporcionar atendimento cat friendly, facilitar o manuseio seguro e garantir o diagnóstico adequado. Com base nisso, a gabapentina é um medicamento antiepilético humano que produz bons efeitos sedativos em gatos. É um análogo estrutural do neurotransmissor GABA, com ação anticonvulsivante, analgésica e ansiolítica. Geralmente, é utilizado para controle de dor musculoesquelética crônica em felinos na dose de 5-10 mg/kg. Já para o controle de ansiedade e fobias em consultas veterinárias, a gabapentina é administrada via oral em dose única de 50 ou 100 mg por animal. Para ter o efeito sedativo adequado, deve ser administrada 2 a 3 horas antes do transporte e da consulta ou até mesmo antes da manipulação pré-operatória, para procedimentos hospitalares ou de internação. Estudos evidenciaram que uma dose de gabapentina oral não produz alterações significativas na frequência cardíaca e na pressão arterial sistólica, sendo uma alternativa a ser considerada. Ademais, o medicamento reduz os níveis de ansiedade e de estresse nos gatos, sem alterar os parâmetros fisiológicos e laboratoriais de forma significativa. Alguns efeitos colaterais podem acontecer, como hipersalivação, vômito, ataxia e tremores, sendo necessários a indicação e o acompanhamento por médicos veterinários. Conclui-se, pois, que a gabapentina oral como sedativo reduz o estresse de felinos em relação ao transporte, consultas, exames de diagnóstico, como o ecocardiograma, e mantém a confiabilidade dos testes, reduzindo a interpretação equivocada dos resultados. Assim, é possível realizar um atendimento adequado aos felinos, promovendo o bem-estar animal no ambiente clínico.