SOCIOAGROBIODIVERSIDADE E O CONHECIMENTO E USO POPULAR DE PLANTAS MEDICINAIS NA COMUNIDADE QUILOMBOLA MUCAMBO DOS NEGROS: – DISTRITO DE ITAPURA, MIGUEL CALMON-BA



SOCIOAGROBIODIVERSIDADE E O CONHECIMENTO E USO POPULAR DE PLANTAS MEDICINAIS NA COMUNIDADE QUILOMBOLA MUCAMBO DOS NEGROS: – DISTRITO DE ITAPURA, MIGUEL CALMON-BA
Rosimeire Morais Cardeal Simão
Helder Ribeiro Freitas

30/04/2025
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A utilização de plantas medicinais é uma prática comum entre as populações humanas, sobretudo entre povos de origem tradicional. A descoberta das propriedades benéficas ou nocivas dos vegetais tem origem no conhecimento empírico, sendo esta uma prática amplamente adotada por comunidades tradicionais. Este estudo objetivou realizar o levantamento das plantas medicinais usadas pela Comunidade Quilombola de Mucambo dos Negros (ou distrito de Itapura), em Miguel Calmon - Bahia. A investigação se fundamenta na pesquisa qualitativa e teve como ponto de partida uma pesquisa bibliográfica sobre a temática e caracterização do território quilombola e da comunidade Mucambo dos Negros. Em seguida, realizou-se a coleta de informações junto aos moradores, por meio de questionário semiestruturado, além de observações e registro fotográfico. As mulheres da comunidade destacaram-se como principais atores sociais detentores de informações envolvendo o uso de plantas medicinais e práticas de cuidado associadas a estas plantas, destacando-se como agentes de um etnoconhecimento local. Além disso, os principais agroecossistemas identificados na comunidade, como locais de cultivo e coleta de plantas medicinais de modo sustentável foram, respectivamente, os quintais e as áreas de vegetação nativa. Entre as espécies com o maior índice de concordância no uso, destacam-se a Melissa officinalis e o Cymbopogon citratus, ambas cultivadas nos quintais. A diversidade de plantas cultivadas e nativas utilizadas nos cuidados com a saúde indica que as mulheres, como protagonistas deste saber no âmbito local, possuem um vasto conhecimento etnobotânico e suas aplicações. Tais saberes podem contribuir para a valorização e a preservação da socioagrobiodiversidade e dos conhecimentos medicinais ancestrais da comunidade, auxiliando na perpetuação de modos de vida nela praticados, bem como na perpetuação e autonomia dela própria, a partir da produção e uso de recursos vegetais e fitoterápicos que integram, também, o próprio contexto mais amplo da produção alimentar e geração de renda local, cujo fortalecimento é um dos atuais desafios que se impõem à essa comunidade.
Ler mais...Conhecimento Popular; Quilombolas; Medicina Tradicional Afro-brasileira; Agroecossistemas; Saúde Comunitária Tradicional
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