SISTEMA AGRÍCOLA TRADICIONAL E CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA: O CASO DOS GUARANAZAIS NATIVOS DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS DO ALTO URUPADÍ, MAUÉS (AM)

O cultivo de guaraná nativo enfrenta um grande desafio em evidenciar a qualidade orgânica dos seus sistemas agrícolas, saberes e tecnologias tradicionais, principalmente quando buscam a certificação orgânica. O trabalho buscou documentar o processo de certificação para grupo de agricultores tradicionais como uma estratégia para a inserção e desenvolvimento de mercado para produtos da biodiversidade e a promoção do desenvolvimento rural sustentável. O estudo foi realizado na região do rio Urupadí, com um grupo de 15 agricultores que participaram do processo de Certificação por Auditoria no município de Maués, no Amazonas, Brasil. A pesquisa realizada foi do tipo descritivo-exploratória, com adoção de coleta de dados, pesquisa bibliográfica e análise documental. Os principais resultados indicam que no rio Urupadí, a agricultura é do tipo tradicional, que envolve uma diversidade de plantas cultivadas e espécies florestais, com tecnologias, habitats e práticas distintas. Os saberes e as práticas incluem a construção cultural do roçado, que é construído com mudas nativas de guaraná. A valorização de troca de conhecimentos entre os técnicos e agricultores, respeitando os aspectos sociais e culturais de cada propriedade foram evidenciadas as etapas de certificação orgânica. O manejo tradicional alinhando com a certificação em grupo foi entendido como uma inovação social e seus produtos considerados exóticos poderão ser vendidos no mercado internacional. Contudo, a certificação em grupo se integra em um esquema mais amplo que garantiu mais eficiência e organização nas unidades de produção e rompimento com a estrutura dos atravessadores que exploram secularmente as comunidades tradicionais na Amazônia.