SAÚDE E SOBREVIVÊNCIA LÉSBICA: UMA QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA

Este é um estudo sobre saúde lésbica. A pesquisa de campo, utilizada como base de dados, é parte da tese de doutorado de uma das autoras, Suane Felippe Soares, na qual foram desenvolvidas aproximações com grupos de sociabilidade lésbicos nas periferias da cidade do Rio de Janeiro e, por meio de entrevistas, informações sobre a condição de vida foram coletados e contrastados com a bibliografia de referência do assunto. O referencial teórico adotado durante a pesquisa foi a Perspectiva dos Funcionamentos, um novo instrumento teórico filosófico que vem sendo desenvolvido pela Prof.ª Dr.ª Maria Clara Dias – UFRJ, trata-se de uma teoria de justiça que busca visibilizar as demandas de grupos oprimidos e questionar os padrões tradicionais, reincidentes nas discussões éticas e filosóficas, acerca do tema da justiça. De acordo com a percepção de Dias, há uma demanda real por uma aproximação das teorias de justiça com as questões materiais que circunscrevem as nações do sul do mundo, como o Brasil. Assim, as lésbicas aparecem nesta aplicação da PdF como um grupo a ser estudado e escutado de forma autônoma e específica a fim de garantir-lhes seus funcionamentos básicos, no campo da saúde pública. A questão da violência contra lésbicas, elemento fundamental de segurança e de saúde, que permeia a existência lésbica de forma complexa e gera danos irreversíveis, através dos mecanismos sociais diversos culminando, infelizmente, com o lesbocídio, em alguns casos, é contribuição fundamental da pesquisa iniciada por Milena Cristina Carneiro Peres, nominada como Lesbocídio: as histórias que ninguém conta.