RELIGIOSIDADE E COMUNICAÇÃO SOCIAL NA IGREJA: DESAFIOS PASTORAIS NUM MUNDO BIPOLAR

Ao longo de sua trajetória histórica, a Igreja Católica tem considerado a Comunicação Social como uma área de grande importância para fazer valer seus propósitos de evangelização e superar desafios pastorais aos quais tem se deparado, especialmente a partir do Concílio Vaticano II – numa tentativa de abertura e de diálogo com o mundo moderno. No campo da comunicação, o evento conciliar destaca-se pelo documento Inter Mirifica, que reconhece o direito e o dever da Igreja em utilizar-se dos meios de comunicação para otimizar sua missão evangelizadora. Documentos posteriores, como a instrução pastoral Communio et Progressio, dão maior robustez a este trabalho comunicacional, enfatizando a importância da formação de comunicadores. Desse modo, quando analisados os documentos da Igreja que tratam do tema da comunicação, é possível constatar um progresso significativo no modo como esta área tem sido pensada e refletida pelo Magistério, visando não só estreitar o diálogo entre fé e cultura, mas também lançar-se nas complexas redes de informação para salvaguardar sua imagem institucional e pastoral. É certo que os meios de comunicação são um grande instrumento para a divulgação de ideologias diversas, mas para a efetividade do anúncio e vivência da fé cristã, a eclesiologia contemporânea tem demonstrado a necessidade de se discutir a interconexão existente entre os campos da Teologia e da Comunicação, ampliando seu potencial educativo e pastoral. Este foi o modo pelo qual o catolicismo trilhou processos dialogais, por meio da construção de narrativas permeadas de dualismo e discurso bipolar: ainda que expressa que a comunicação pode pender tanto para o bem quanto para o mal, mesmo no ápice do século XXI apresenta dificuldades em se adaptar às novas tecnologias comunicacionais do mundo contemporâneo, especialmente diante do impacto da inteligência artificial.