O FAZER DOCENTE E A INTEGRAÇÃO CURRICULAR DAS TDIC: ENTRE EXISTÊNCIAS, RESISTÊNCIAS E PERSISTÊNCIAS

No Brasil, formadores de professores costumam reclamar de resistência destes, no que se refere a mudar seus conceitos e práticas de ensino. Em relação às dificuldades encontradas na integração curricular das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC), o discurso sobre a suposta resistência dos professores tem sido amplamente adotado. Entretanto, uma instituição escolar ou educativa é a síntese de múltiplas determinações, de variadíssimas instâncias que agem e interagem entre si, “acomodando-se” dialeticamente de maneira tal que daí resulte uma identidade. Assim, é necessário analisar outras variáveis como a inadequação da infraestrutura e das condições para o trabalho docente com as TDIC. Outra questão a ser analisada é a escassa formação docente, geralmente fundamentada no mero domínio das máquinas. Ainda deve-se lembrar os estragos causados pelos programas aligeirados de formação de professores aliados ao impacto das atuais políticas educacionais baseadas nos preceitos neoliberais, em consonância com os interesses dominantes. Por fim, cabe relembrar que a melhoria dos processos educacionais é mais ampla e mais complexa que o uso das TDIC e envolve áreas políticas, culturais, econômicas, psicológicas e ideológicas que afetam os diferentes níveis contextuais. Portanto, debitar os entraves da integração curricular das TDIC à resistência docente é, no mínimo, uma atitude acrítica e simplista.