NUVENS DE DADOS, TEMPESTADES DE SOLUÇÕES: INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO OLHO DO FURACÃO CLIMÁTICO

Este capítulo analisa as interfaces entre inteligência artificial (IA) e mudanças climáticas a partir de uma revisão de literatura com foco na produção acadêmica nacional recente. A discussão situa-se no campo das tecnologias digitais aplicadas à mitigação e adaptação climática, com especial atenção às implicações sociais, éticas e epistêmicas desses recursos no contexto brasileiro. A análise evidencia três grandes eixos de aplicação da IA: a modelagem e previsão climática, o monitoramento ambiental em tempo real e os sistemas de alerta e gestão de desastres. No entanto, ao explorar o uso da IA em sistemas agroecológicos, o trabalho problematiza os riscos da tecnocratização das práticas e a invisibilização de saberes locais. Traz-se à tona o debate sobre a colonialidade dos dados, que alerta para as assimetrias de poder na coleta, controle e uso de informações climáticas e ambientais. Argumenta-se que é necessário integrar abordagens tecnológicas com epistemologias plurais e governança de dados sensível aos territórios, de modo a fortalecer a justiça climática e a soberania informacional.