LEVANTAMENTO DA OCORRÊNCIA DE ADENOVÍRUS EM POPULAÇÃO SILVESTRE DE SAGUIS-DA-CARA-BRANCA CALLITHRIX GEOFFROYI (HUMBOLDT, 1812) NO SUDESTE DO BRASIL

O conhecimento das doenças infecciosas em animais selvagens desempenha um papel fundamental tanto na conservação das espécies como na saúde pública, uma vez que a maioria das doenças infecciosas está associada à zoonoses. O papel de muitas zoonoses na cadeia de infecção ainda é pouco compreendido. As infecções por adenovírus já foram descritas em peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Primatas-não-humanos são reservatórios de vários agentes infecciosos, e tem grande importância para a saúde pública devido à sua proximidade com os seres humanos em áreas rurais e urbanas. Foram examinadas amostras fecais de 50 espécimes, provenientes de atropelamento na rodovia ES-060 Duas amostras (4%) foram positivas para Adenovírus. A análise filogenética mostra que os vírus detectados estão relacionados com o género AtadenovíruseMastadenovírus, no entanto, a não especificidade sugere que se trata de um vírus de origem alimentar. Estes gêneros são muito comuns em infecções humanas, e afetam outras espécies de vertebrados, podendo causar infecções oculares, gastrointestinais e respiratórias. Este é o primeiro relato da ocorrência de Adenovírus em uma população de animais selvagens de Callithrix geoffroyi. A investigação de doenças infecciosas em animais silvestres tem importante papel em determinar o conjunto de espécies suscetíveis ao mesmo agente infeccioso e estabelecer a possível transmissão de doenças entre espécies selvagens e seu potencial zoonótico. A detecção de duas famílias de adenovírus na mesma espécie hospedeira impacta fortemente o conceito de transmissão e disseminação. O uso de animais mortos em estudos científicos facilita o acesso a material biológico, tornando a perda antropogênica de espécimes em ganho científico, contribuindo para a investigação e monitoramento de infecções virais em espécies selvagens.