EXPERIMENTAÇÕES CURRÍCULARES: OUTROS TERRITÓRIOS POSSÍVEIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Este texto tem por objetivo apresentar os movimentos de uma pesquisa que se constituiu no cotidiano da Educação Infantil de uma Unidade Escolar da Rede Municipal de Ensino de Serra, ES, com a intenção de cartografar as potências de criação e movimentos inventivos que se configuram no interior da instituição e fissuram movimentos macropolíticos. Usa a cartografia como caminho metodológico para mantermos a atenção aos movimentos de aprendizagens realizados com as crianças com idade de quatro anos, para entender como se constituem as relações macro/micropolíticos a partir das invenções de currículos praticados que reconheçam a autoria das crianças como produtoras sociais, suas necessidades e potências de ações. Para compor o aporte teórico-metodológico como linhas de pensamento tecidas na interseção da pesquisa com a infância e os currículos no cotidiano escolar, aposta-se na Filosofia da Diferença e apresenta Deleuze, Guattari, Parnet e Larrosa. Observa-se que as crianças, nos seus movimentos brincantes, leem e escrevem histórias para movimentar uma escrita que não é definida ortograficamente, mas trazem nos seus traços as formas de estrangeirar, língua gaguejante que nos movimenta para pensar cada gesto que as suas palavras agenciam no processo educativo em suas experimentações cheias de canto ressonante de vida de uma escrita reveladora que nos escreve e nos faz transbordar. Conclui-se que, as crianças não aceitam uma realidade que não seja a criada por elas. Inventam um mundo e fazem desaparecer um mundo que se apresenta como real transformando-o em outras coisas des-realizando esse mundo curricular que nos é posto. O corpo da criança é um espaço disputado pelo poder, mas ela é sempre intensidade, e para resistir, ela inventa, ela cria.