EPISTEMOLOGIAS DO SUL E ADAPTAÇÃO CLIMÁTICA: SABERES TRADICIONAIS E RESILIÊNCIA TERRITORIAL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

O Semiárido brasileiro, território que abrange 1.262 municípios e abriga 27 milhões de habitantes, enfrenta crescentes desafios climáticos, com 94% de sua extensão sob moderada a alta susceptibilidade à desertificação. Este capítulo articula as Epistemologias do Sul com a adaptação climática, fundamentando-se na valorização dos saberes tradicionais e na construção de territorialidades resilientes. A partir de uma perspectiva epistêmica que questiona a colonialidade do saber nas políticas climáticas, analisa-se como as comunidades tradicionais do Semiárido desenvolveram, ao longo de séculos, estratégias sofisticadas de convivência com a aridez e variabilidade climática. O estudo articula epistemologias do Sul, agroecologia e desenvolvimento territorial para propor um marco teórico integrador que reconhece as comunidades tradicionais como protagonistas da adaptação climática. Através da análise de tecnologias sociais, práticas agroecológicas e formas de organização territorial, demonstra-se o potencial transformador dos saberes tradicionais para orientar políticas públicas de adaptação climática contextualmente apropriadas. As contribuições incluem a conceituação de “territorialidades resilientes” e “ecologia de saberes climáticos”, oferecendo alternativas epistêmicas para enfrentar a crise climática no Semiárido brasileiro.