DESCOLONIZANDO O CONHECIMENTO REFLEXÕES SOBRE O PENSAMENTO DECOLONIAL NA AMÉRICA LATINA: DESCOLONIZANDO O CONHECIMENTO

A perspectiva decolonial desafia a hegemonia do pensamento eurocêntrico, reconhecendo a diversidade de saberes e experiências humanas. Ela critica a ideia de que o conhecimento europeu é universal, ressaltando que outras formas de conhecimento são marginalizadas. A produção de conhecimento é moldada por contextos socio-históricos e culturais, e a abordagem decolonial busca valorizar múltiplas visões de mundo. Boaventura de Sousa Santos contribui para essa discussão com a "Ecologia dos Saberes", que valoriza o conhecimento além do ambiente acadêmico, incluindo as práticas e experiências de comunidades. O filósofo Enrique Dussel propõe a ideia de "transmodernidade", uma alternativa à modernidade eurocêntrica, que reconhece as civilizações não europeias como legítimas e complexas. A noção de colonialidade do poder, introduzida por Aníbal Quijano, destaca que as relações de poder colonial persistem mesmo após a independência política, especialmente através da raça, justificando hierarquias sociais e a superioridade branca. Esse conceito foi fundamental para o desenvolvimento das Ciências Sociais latino-americanas. Walter Mignolo, com o conceito de "desobediência epistêmica", propõe uma ruptura com o pensamento eurocêntrico, abrindo espaço para saberes alternativos e resistindo à imposição da modernidade. Ele destaca a importância de múltiplas formas de conhecimento na construção de sociedades mais justas. Santiago Castro-Gómez, influenciado pelo pós-estruturalismo de Foucault, articula uma confluência entre essa corrente e a decolonialidade. No geral, o pensamento decolonial propõe desnaturalizar a modernidade e as hierarquias de saberes, promovendo uma compreensão inclusiva do mundo, onde múltiplos conhecimentos coexistam e sejam igualmente valorizados.