DA COR À FORMA: A INVISIBILIDADE DO CORPO NEGRO NO DISCURSO PSICANALÍTICO

Desde o surgimento da psicanálise, a partir da escuta das histéricas por Freud, o corpo tem se apresentado como um furo no saber. Esse que é suporte do outro é, fundamentalmente, permeado pelo discurso, o qual permite a criação do inconsciente e da vida psíquica. A partir dos aportes da psicanálise, o presente trabalho debruçou-se sobre as repercussões psíquicas geradas na relação do corpo negro com o laço social, sendo esse advindo de um processo social, cultural e histórico. Foram analisadas, por meio da revisão bibliográfica integrativa e do método da psicanálise (leitura flutuante e relação transferencial com o tema), três obras que exploravam as interfaces entre o corpo negro e o saber psicanalítico, essas tratando-se de artigos de livre acesso, publicados entre 2018 a 2022. A partir da ideia de imagem, esses corpos foram ganhando cor e forma, o que nos leva a debater sobre a invisibilidade deles nesse campo teórico e a pertinência dos conhecimentos da psicanálise a essa parcela da população. Abre-se uma brecha para pensarmos sobre a função política da formação e da prática profissional do analista e do impacto da psicanálise no laço social, como elemento na composição da cultura, que insiste em recalcar seu próprio sintoma social: o racismo.