CONTAMINAÇÃO EMERGENTE DE CAFEÍNA EM AMBIENTES TROPICAIS: ASPECTOS ECOTOXICOLÓGICOS APLICADOS À GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

A região Norte do Brasil apresenta perspectivas de aumento populacional e as menores taxas de saneamento básico do país. Esses fatores contribuem para a contaminação dos recursos hídricos, especialmente pela falta de coleta e tratamento de esgoto. A cafeína, substância naturalmente encontrada em mais de 60 espécies vegetais, está presente no cotidiano em itens alimentícios e medicinais, sendo consumida na região Amazônica principalmente no café, cacau, açaí e guaraná. Essa substância é considerada um contaminante orgânico emergente, utilizado como indicador de contaminação por águas residuárias não tratadas. Testes de ecotoxicidade aguda utilizando os invertebrados aquáticos Chironomus sancticaroli e Daphnia magna sugerem que, em concentrações ambientalmente relevantes, a cafeína não apresenta efeitos de toxicidade agudo. Porém, efeitos para o desenvolvimento das larvas foram observados para C. sancticaroli após 240 h de exposição à 200 µg L-1. Desse modo, de acordo com os resultados obtidos nos ensaios para essa espécie, a cafeína em ambientes aquáticos pode apresentar riscos às comunidades aquáticas. Nesse contexto, os ensaios ecotoxicológicos constituem como ferramentas para auxiliar a gestão dos recursos hídricos. Estratégias para minimização das cargas de cafeína, entre outros contaminantes emergentes são fundamentais para a manutenção da qualidade ambiental e para a adequada gestão dos recursos hídricos.