CATOLICISMO DEVOCIONAL E O ESPAÇO DA FÉ NO CONTEXTO PANDÊMICO: FLUIDEZ E LIMITES DO FESTEJO DE SÃO BERNARDO DO MARANHÃO

Questionamos as estratégias espaciais de resistência e inovação da festa do padroeiro de São Bernardo/MA, ante aos direcionamentos governamentais e eclesiais que se impõem, de fora para dentro, à população em decorrência da pandemia causada pelo Coronavírus (SARS-CoV-2). A festa especificada, comprometida pela questão sanitária, é um evento que atua como vetor sociocultural e econômico na cidade, destacando relações espaciais locais. Diante do cenário de mortes e incertezas, a fé é uma expressão sublunar da religiosidade, um elemento de defesa para os fiéis, que se expressa também por meio do fazer festivo. É neste âmbito que examinamos as modificações e adaptações ocorridas na espacialidade da festividade a partir da representação dos devotos, interpretada com o que designamos por ‘fluidez-limites’ com o tradicional, capaz de permitir a percepção da pedagogia da ordem. Consideramos que a inserção em uma realidade virtual engendrada na vivência dos fiéis, deslocou e reconfigurou o sistema de espacialidade da festa, rompendo o nexo da percepção que se tem sobre o tradicional. Porém, a representação simbólica da interação da fé católica na Festa de São Bernardo manteve elementos simbólicos estruturais presentes na consolidação da ‘arte’ da memória, estratégia fulcral no esquema de perpetuação e organização do poder da instituição. A ruptura negociada na fronteira da fluidez e dos limites do evento foram centrais para o arranjo dos laços e da permanência.