ANIMAIS AQUÁTICOS COMO BIOINDICADORES DE MERCÚRIO NA AMAZÔNIA



ANIMAIS AQUÁTICOS COMO BIOINDICADORES DE MERCÚRIO NA AMAZÔNIA
Carlos Alberto Machado Da Rocha
José Augusto Do Nascimento Monteiro
Lorena Araújo Da Cunha
Herald Souza Dos Reis
Paulo Roberto Da Costa Sá

31/03/2023
79-100
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A poluição de ecossistemas aquáticos com mercúrio é um desafio ambiental dos mais relevantes, devido à sua toxicidade, estabilidade e persistência no ambiente. Na Bacia Amazônica, o rejeito de mercúrio proveniente de operações de mineração e pela lixiviação de solos após desflorestamentos, constitui a maior contribuição para a contaminação no meio aquático. Ao ser realizada uma prospecção científica nas bases Scielo e PubMed, sobre biomonitoramento de mercúrio na Amazônia, nos últimos 20 anos, foi encontrado um total de 61 artigos, verificando-se um aumento gradual no número de publicações no período amostrado, além da maior produção ser creditada ao Brasil (55 artigos). Na maioria dos estudos sobre bioacumulação e biomagnificação de mercúrio na Amazônia, espécies de peixes se destacam como bioindicadores, embora alguns anfíbios, répteis e até cetáceos já tenham sido usados nesse papel. A forma orgânica metilmercúrio, por conta de sua lipossolubilidade, é a que mais se acumula nos seres vivos. Os efeitos mutagênicos de mercúrio e seus compostos organomercuriais afetam particularmente a tubulina, interferindo nas fibras do fuso e, consequentemente, na divisão celular, com atraso no movimento anafásico e na divisão centromérica e também podem levar a anomalias cromossômicas como as poliploidias. Compostos de mercúrio também induzem a um colapso geral dos mecanismos antioxidantes na célula através da ligação a grupos sulfidrila da enzima glutationa peroxidase. Os resultados desse colapso são a produção de radicais livres, que podem causar dano permanente ao DNA e favorecem a peroxidação de lipídios, seguida da perda de integridade da membrana e, finalmente, necrose celular. O sistema nervoso central é o alvo principal do metilmercúrio, onde afeta, principalmente, áreas específicas do cérebro e cerebelo. Os testes de genotoxicidade são capazes de detectar mutações nas células expostas ao mercúrio e os mais utilizados são o teste do micronúcleo e o ensaio cometa. Alguns agentes protetores contra a ação de compostos mercuriais vêm sendo testados, com destaque para extratos vegetais, o selênio e o hormônio prolactina.
Ler mais...Bioacumulação, Biomagnificação, Mercúrio, Toxicidade.
AMAZÔNIA: TÓPICOS ATUAIS EM AMBIENTE, SAÚDE E EDUCAÇÃO - VOLUME 2
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