A VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA A MULHER: UM DESAFIO PARA A ENFERMAGEM BRASILEIRA



A VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA A MULHER: UM DESAFIO PARA A ENFERMAGEM BRASILEIRA
Juliana de Oliveira Musse Silva
Cristina Braga
Karen Ruggeri Saad
Marcia Koike

15/06/2021
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A violência sexual contra a mulher não é caracterizada apenas como ato sexual, mas também como qualquer tentativa de obtê-lo, seja através da coação ou intimidação, contra a sexualidade das mulheres. Pode ser praticada por qualquer pessoa ou em qualquer local, mas se manifesta principalmente nos ambientes laborais e nos domicílios, tendo como principais perpetradores os parceiros íntimos, amigos e familiares (DELZIOVO, 2018).Um estudo multicêntrico da OMS sobre a saúde da mulher e a violência doméstica, indicou que 15 a 71% das mulheres sofrem violência física e/ou sexual por um parceiro íntimo em algum momento de suas vidas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010). De acordo com os registros de 2017 e 2018, no Brasil, 81,8% dos casos de violência sexual (66.041) foram do sexo feminino e da raça negra (50,9%). Quanto ao perfil do agressor, a maioria dos estupros são cometidos por um único autor (92,5%), geralmente conhecido das vítimas e do sexo masculino (85,5%) (BRASIL, 2019a). Embora esses números pareçam alarmantes, sabe-se que esses indicadores não expressam com fidedignidade a realidade da problemática, pois muitos dos casos nem sequer chegam a ser notificados pelos sistemas de informação, seja na área da justiça ou da saúde.Em todo mundo, 39% dos assassinatos de mulheres são cometidos por parceiros íntimos ou ex-parceiros (em comparação com 6% de homicídios de homens cometidos por parceiras), taxas mais altas (59% para mulheres) são encontradas sudeste da Ásia (comparando com 0,9% para homicídios masculinos). A violência sexual sem parceiro íntimo também é endêmica e já foi experimentada por 7% das mulheres no mundo todo. (STOCKL H et. al. 2013)Estudos referem que alguns fatores de risco em nível individuais possam contribuir para a ocorrência de violência sexual e que variem de acordo com o contexto do abuso, sendo mais provável que a violência sexual ocorra em mulheres jovens, portadoras de deficiência, em situação de pobreza, que tenham sofrido abuso sexual na infância e as que fazem uso de substância. (CASTTEL C, MARTIN SL,)A violência sexual contra a mulher, além de ser considerada um exemplo de violação frequente dos direitos humanos, também é considerado um grande problema de saúde pública, uma vez que suas repercussões além de sociais e econômicas, refletem expressivos danos físicos e psicológicos, com graves consequências para a saúde mental e reprodutiva das vítimas. São exemplos destes danos: o abortamento e a gravidez indesejada, vulnerabilidade as doenças sexualmente transmissíveis, depressão, ansiedade, isolamento social, sentimento de culpa entre outros (RIBEIRO; LEITE, 2016; GARCIA et al., 2016).
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