A FONOAUDIOLOGIA NA SAÚDE MENTAL INFANTOJUVENIL: EXPERIÊNCIAS E REFLEXÕES

A trajetória da Fonoaudiologia na saúde mental no Brasil está intrinsecamente ligada à história da Reforma Psiquiátrica e à construção de um modelo de atenção pautado na garantia de direitos, no cuidado em liberdade e na desinstitucionalização. Se, nas décadas de 1940 e 1950, a atuação fonoaudiológica se dava principalmente em instituições voltadas à reabilitação de crianças com necessidades específicas, geralmente segregadas da convivência social, hoje a profissão integra equipes multiprofissionais nos diversos níveis de atenção à saúde, com enfoque ampliado e compromisso com a inclusão social. O advento da Reforma Psiquiátrica, impulsionado por críticas aos efeitos desumanizantes dos hospitais psiquiátricos e ao modelo biomédico hegemônico, marcou uma mudança significativa na forma de compreender e cuidar do sofrimento psíquico. Essa transformação teve início nas décadas de 1960 e 1970, tanto no Brasil quanto em outros países, sob influência de movimentos sociais, da luta antimanicomial e da defesa da saúde como direito universal (Cortez e col, 2018). No Brasil, esse processo foi fortalecido a partir da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), que consolidou os princípios da universalidade, integralidade e equidade, e orientou a construção de redes de atenção centradas no território e na singularidade dos sujeitos.